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Eng. Antônio Vicente Albuquerque de Souza e Silva


“Tri-trolley” após higienização. Diário do Transporte atuou efetivamente na divulgação do projeto de restauro e na intermediação junto a Viação Talismã

Iniciativa é da Associação Museu do Transporte, de entusiastas e pesquisadores como Marcos Galesi, com apoio de preservação da Viação Talismã, mas projeto precisa de ajuda para ser concretizado

ADAMO BAZANI

Colaborou Vinícius de Oliveira

Uma prática até relativamente comum no transporte ferroviário está prestes a se tornar realidade também entre os ônibus antigos.

Por iniciativa da Associação Museu do Transporte e de entusiastas e pesquisadores de mobilidade menos poluente, como o tecnólogo Marcos Galesi, o único exemplar ainda inteiro no País, um trólebus orginalmente produzido em 1978 e que foi convertido em um ônibus híbrido com sistema de supercapacitor nos anos 2000 está prestes a receber uma homenagem a um dos seus principais criadores, o Engenheiro Antônio Vicente Albuquerque de Souza e Silva.

Conhecido como “pai do trólebus”, por atuar ainda nos anos de 1970 na concepção dos primeiros trólebus integralmente brasileiros, como mostro o Diário do Transporte, Antônio Vicente morreu no dia 06 de junho de 2025, após enfrentar diversas complicações de saúde, mas deixou um vasto legado.

Relembre:

Tanto a criação do veículo como trólebus, que “nasceu” com a carroceria marca Ciferal, modelo Padron Amazonas, como o trabalho de conversão de trólebus para elétrico híbrido, nos galpões da empresa Ilumminatti/Sigma, em São Paulo, para operar na capital paulista, tiveram atuação efetiva do engenheiro Antônio Vicente Albuquerque de Souza e Silva. Assim, a homenagem é mais que justa. (A HISTÓRIA DO VEÍCULO VOCÊ COMPLETA MAIS ABAIXO).

Vale ressaltar que todo este tributo só será possível graças ao apoio da Viação Talismã, empresa de ônibus municipais de Rio Grande da Serra, do ABC Paulista, que se propôs a guardar o exemplar único em sua garagem e não somente isso, mas cuidar com carinho, segundo o presidente do Museu, Paulo Sérgio Vieira.

Tanto é que início de junho de 2025, a Talismã providenciou uma higienização completa no veículo.

“Hoje em dia, tem sido cada vez mais difícil encontrar lugares para guardar ônibus históricos, ainda mais os que precisam ser restaurados. Por isso, quero mais uma vez agradecer ao apoio da Viação Talismã”, disse

Mas, para se tornar realidade, o restauro e a homenagem, o Museu vai precisar de ajuda. Um dos contatos para isso é próprio presidente da entidade, cujo telefone é (15) 98146-5211.

O projeto ainda precisa de apoio. São bem-vindos profissionais especializados em motor diesel, elétrica e eletrônica, além de doações financeiras que ajudarão a transformar essa iniciativa em realidade – completou Paulo Sérgio Vieira.

Historicamente, além de representar evolução tecnológica, este veículo é um símbolo vivo da união de esforços de técnicos e apaixonados.

Atuou juntamente com Antônio Vicente neste projeto de conversão de trólebus para ônibus híbrido, o engenheiro eletrônico Edson Ribeiro, que resumiu os trabalhos para o Diário do Transporte.

O tecnólogo em transportes Marcos Galesi lembra da saga para esta transformação.

“Eu acompanhei desde a concepção até efetivação da proposta, chamada internamente de “Tri-troley” pode reunir três tecnologias: o veículo poderia funcionar somente como trólebus, como híbrido (com motor elétrico + motor diesel) ou elétrico puro com recarga de oportunidade, que são carregamentos rápidos das baterias nos pontos de parada ou terminais com o uso de supercapacitores. Este veículo, já na versão somente como ônibus híbrido, foi arrematado pela Illuminatti e pela Sigma em um leilão da SPTrans (São Paulo Transporte), no início dos anos 2000 para se tornar um ‘laboratório’ para este desenvolvimento. O veículo saiu do Complexo Santa Rita, da antiga CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), antecessora da SPTrans, e foi levado para os galpões da Ilumminatti/Sigma no bairro do Ipiranga. Foi emocionante acompanhar toda esta evolução de perto” – conta Galesi que ainda faz questão de lembrar de outras pessoas envolvidas no projeto, além de Antônio Vicente e de Edson Ribeiro.

“Entre estes profissionais, está o saudoso Edson Corbo, que infelizmente nos deixou. Era satisfatório ver a empolgação, o entusiasmo e digo mais, o amor dele por este projeto” – complementa Galesi.

O veículo ia ser desmanchado, mas foi retirado do pátio onde estava em São Luiz do Paraitinga, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira, 03 de janeiro de 2025.

A iniciativa da restauração foi da Associação Museu do Transporte, entidade com sede em Sorocaba, também no interior de São Paulo, que já atuou em outros projetos de preservação de veículos de transporte coletivo

O ônibus híbrido foi levado para a garagem da Viação Talismã, local cedido pela empresa de transportes, para ficar num local estratégico, mais perto de revendedores de peças e de mão de obra qualificada para facilitar a logística e diminuir os custos totais de restauração. O deslocamento foi pago pela Eletra Industrial e o contato com a Talismã bem como a divulgação do projeto tiveram atuação direta do Diário do Transporte.

Relembre:

Ônibus híbrido histórico que foi trólebus dos anos 1970 será restaurado com ajuda de rifa de miniaturas, da Eletra e Viação Talismã, além do apoio do Diário do Transporte (COM VÍDEO)

O ônibus foi doado a Associação pela Neoenergia Elektro com a apoio da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), mas sem nenhuma vinculação com o restauro.

O presidente do Museu, Paulo Sérgio Vieira, destacou que o ônibus é um dos veículos mais raros remanescentes da história dos transportes brasileiros.

No final de 1978, a Ciferal (Comércio e Indústria de Ferro e Alumínio), em pleno auge de seu crescimento, venceu uma concorrência pública para o fornecimento de 200 trólebus à Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC). O consórcio de empresas envolvidas, além da Ciferal, incluía a Scania e a Tectronic, garantindo assim a viabilização do projeto, seguindo as especificações técnicas elaboradas pela engenharia da CMTC para a produção de novos trólebus nacionais.

Esse projeto fazia parte do plano da prefeitura de São Paulo que pretendia adquirir mais de 1200 veículos para expandir sua rede de transporte. Após nove meses de contrato, a Ciferal entregou o primeiro trólebus, que foi testado nas ruas da capital paulista.

A numeração dos Ciferal Amazonas iniciava em 7101 e seguiam até 7200, sendo os veículos de 7101 a 7100 equipados com um sistema de controle de tração por contatores controlados eletronicamente, enquanto as demais unidades eram com sistema chopper.

Nos anos 1990, muitos dos trólebus adquiridos neste contrato estavam em estado precário, especialmente em termos de estrutura. Após a privatização da CMTC, a partir de 1995 iniciou-se um grande plano de recuperação dos veículos que já não tinham condições de operar. As carrocerias antigas foram removidas, o sistema elétrico foi reformado, e parte dos componentes dos chassis foi reaproveitada em novos chassis, mais resistentes, construídos pela Tuttotransporti. A primeira unidade de trólebus reformado foi encarroçado pela Mafersa, mas, após a falência da empresa, os demais veículos foram destinados à Marcopolo, onde receberam carroceria Torino GV (Geração 5).

Entre 2001 e 2004, parte do sistema de trólebus de São Paulo foi desativada, onde vários veículos que foram reconstruídos acabaram encostados em pátios, sem uso. No entanto, visando o reaproveitamento dessa frota inativa, seis trólebus Marcopolo foram separados pela engenharia da SPTrans (São Paulo Transportes) em 2001 para serem adaptados à tecnologia híbrida, sendo a Eletra Industrial a empresa escolhida para realizar esse projeto. As alavancas de captação de energia por rede aérea foram removidas, e a parte traseira dos veículos foi modificada para abrigar um motor a diesel, que funcionaria como gerador de energia para alimentar um sistema de baterias de chumbo, e consequentemente o motor de tração.

Embora a tecnologia parecesse promissora e houvesse interesse da SPTrans em converter toda a frota operacional de trólebus, as operações comerciais demonstraram que as baterias disponíveis na época não tinham tecnologia para recargas rápidas. Isso exigia uma rotação maior do motor diesel, que não foi projetado para esse perfil operacional, inviabilizando o projeto.

Das cinco unidades híbridas convertidas pela Eletra, todas foram desativadas e destinadas à leilão alguns anos depois. No entanto, um exemplar foi resguardado pela SPTrans com a intenção de ser parte do museu e outra unidade, prefixo 7702, destinada para o desenvolvimento do projeto “Desenvolvimento de um sistema de propulsão para veículos elétricos de transporte de passageiros sem uso de rede aérea para recarga” através de recursos financiados pelo Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação “PDI” regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, em parceria entre as empresas Elektro Redes S.A – “Neoenergia Elektro” e Sygma.

O veículo em suas condições originais era um ônibus híbrido com perfil operacional a diesel e baterias e foi reconfigurado através de modificações mecânicas para receber o novo sistema de propulsão elétrica com os ultracapacitores, objeto da pesquisa do projeto de PDI.  Essa tecnologia permitia a recarga de energia em 20 segundos, sendo possível carregá-lo em duas estruturas instaladas na cidade através de um pantógrafo posicionado no teto. O ônibus tinha uma autonomia de rodagem de aproximadamente 1 quilômetro. Esse protótipo foi utilizado temporariamente na demonstração da tecnologia desenvolvida na cidade de São Luiz do Paraitinga, Estado de São Paulo (SP), durante o estudo aplicado à implantação do conceito de cidades inteligentes, contemplando soluções na parte de inserção de veículos elétricos.

Após a finalização do projeto,  o ônibus ficou estacionado no pátio da prefeitura do Município de São Luiz do Paraitinga. Em 2024 a Associação Museu do Transporte rastreou o veículo, através de informações dos membros do Movimento Respira São Paulo e entrou em contato com as empresas desenvolvedoras do projeto, Neoenergia Elektro e Sygma, questionando sobre o interesse das partes para doação do ônibus à Associação, devido a relevância histórica desse patrimônio para a sociedade e desenvolvimento de tecnologias nacionais.

Compreendendo a importância do patrimônio e a preservação histórica do ônibus, e em consonância com o Manual de Procedimentos do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento, regulado pela ANEEL, as partes envolvidas no projeto, acordaram a doação do ônibus para Associação Museu de Transporte.

E para essa nova fase do ônibus 7702, contamos com patrocínio da Eletra Industrial, que patrocinou o transporte do veículo, e a Viação Talismã, que gentilmente disponibiliza o espaço para guarda temporária do mesmo.  

LINHA DO TEMPO – CDL-7702

O veículo ia ser desmanchado, mas foi retirado do pátio onde estava em São Luiz do Paraitinga, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira, 03 de janeiro de 2025.

A iniciativa da restauração foi da Associação Museu do Transporte, entidade com sede em Sorocaba, também no interior de São Paulo, que já atuou em outros projetos de preservação de veículos de transporte coletivo

O ônibus híbrido foi levado para a garagem da Viação Talismã, local cedido pela empresa de transportes, para ficar num local estratégico, mais perto de revendedores de peças e de mão de obra qualificada para facilitar a logística e diminuir os custos totais de restauração. O deslocamento foi pago pela Eletra Industrial e o contato com a Talismã bem como a divulgação do projeto tiveram atuação direta do Diário do Transporte.

Relembre:

Ônibus híbrido histórico que foi trólebus dos anos 1970 será restaurado com ajuda de rifa de miniaturas, da Eletra e Viação Talismã, além do apoio do Diário do Transporte (COM VÍDEO)

O ônibus foi doado a Associação pela Neoenergia Elektro com a apoio da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), mas sem nenhuma vinculação com o restauro.

O presidente do Museu, Paulo Sérgio Vieira, destacou que o ônibus é um dos veículos mais raros remanescentes da história dos transportes brasileiros.





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