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Biocombustível BeVant, sem borra e com 99% de redução de emissões, parte para nova fase de testes


Repórter Adamo Bazani e diretor de relações instituições da Mercedes-Benz, Luiz Carlos de Moraes

Caravana de quatro mil quilômetros, em parceria entre a Be8 e a Mercedes-Benz, teve análise do Instituto Mauá de Tecnologia

ADAMO BAZANI / VINÍCIUS DE OLIVEIRA

Sem borra no motor, com o mesmo desempenho do B15, e reduzindo em 99% as emissões, o BeVant, biocombustível de origem 100% vegetal, promete ser uma das principais alternativas para os transportes rodoviários de média e longa distância, sejam por ônibus ou caminhões.

O Diário do Transporte havia mostrado dados preliminares sobre o teste de cerca de quatro mil quilômetros, feito com quatro veículos de grande porte, entre Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, sede da Be8, produtora do combustível, até a Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, parceira no projeto e nos testes.

Na ocasião, o vice-presidente da área de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Walter Barbosa, havia apontado que não houve problemas em relação a borras no motor, um relato comum de empresários a respeito de misturas de biodiesel ao diesel, como o B15, e o desempenho foi equivalente.

A caravana terminou em Belém do Pará, onde ocorre a COP30, evento da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O Diário do Transporte está em Belém a convite da Eletra Industrial, fabricante de ônibus elétricos e empresa de consultoria para implantação de sistemas eletrificados.

Na Green Zone, a reportagem conversou com o diretor de relações institucionais da Mercedes-Benz, Luiz Carlos de Moraes, que trouxe detalhes sobre a conclusão desta caravana.

Segundo o executivo, não houve perda nenhuma de desempenho em relação ao B15 ou mesmo ao diesel. Pelo contrário, os motoristas dos dois veículos abastecidos com o combustível relataram até mesmo uma performance melhor em alguns pontos. Os testes envolveram dois ônibus e dois caminhões, sendo que um ônibus e um caminhão abastecidos com a mistura B15, 15% de biodiesel ao diesel, e um ônibus e um caminhão 100% com BeVant.

Agora, de acordo com Moraes, será feita uma nova etapa de testes, a de durabilidade. Os veículos serão submetidos a trajetos até somarem 700 mil quilômetros, como exige a legislação brasileira.

Acompanhe a entrevista na íntegra:

ADAMO BAZANI: O Diário do Transporte está aqui na COP30, em Belém, no Pará. A gente veio a convite da Eletra Industrial, o evento aqui que é a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e isso tem tudo a ver com transporte. A gente está aqui com o diretor de Relações Institucionais da Mercedes-Benz do Brasil, o Luiz Carlos de Moraes, que vai contar pra gente o balanço de um teste, de uma demonstração do BeVant. O que é o BeVant? É um biocombustível novo que traz uma nova tecnologia, uma nova molécula, que inclusive livra os motores de burra e um teste bem grande, 4 mil quilômetros entre o sul do país, passando por São Bernardo do Campo até aqui, em Belém, no Pará. Luiz, como foram esses testes?

LUIZ CARLOS: Então, a questão da descarbonização é um tema relevante para a Mercedes-Benz do Brasil. Como você sabe, nós já estamos produzindo e vendendo os ônibus elétricos, por exemplo, na cidade de São Paulo, já temos 400 veículos vendidos. Estamos testando também caminhões elétricos para aplicação urbana, mas o desafio da descarbonização não é só para as cidades. Para as longas distâncias, para caminhões e para ônibus, é um desafio que a Mercedes, junto com a Be8, que produz o BeVant, se desafiaram a fazer um teste com dois caminhões, um rodando com o B15, que é o biodiesel normal que está no posto de gasolina, e comparando com outro caminhão com a mesma configuração, com a mesma carga, rodando com o BeVant. Da mesma forma, um ônibus rodoviário rodando com o B15 e um ônibus rodoviário da Mercedes rodando com o BeVant. A caravana saiu de Passo Fundo, que é a sede da Be8, rodando os quatro veículos, e com o acompanhamento técnico do Instituto Mauá de Tecnologia, que acompanhou as medições, os abastecimentos, lacrava os tanques, etc., para ter certeza que o cálculo ia ser feito de forma correta. A caravana parou na fábrica de São Bernardo. Nós mostramos para a imprensa em São Paulo, para alguns convidados. Parou em Brasília. Nós mostramos para o presidente da República, para o ministro de Minas e Energias, para o ministro Alckmin, para o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e para a imprensa em Brasília para também sensibilizar as autoridades que a Lei do Combustível do Futuro é também uma alternativa para promover a descarbonização, principalmente para longa distância. Seguindo a caravana, passou por Palmas, passou por Imperatriz e finalmente chegou em Belém, aqui na COP, onde a gente mostrou os resultados. Sobre os resultados, a gente chegou à conclusão, junto com o Instituto Mauá, que a redução do tanque a roda, considerando a absorção que já tem na planta, na produção do biocombustível, chegamos a ter 99% da redução dos gases de efeito estufa. Do poço a roda, que é considerando a produção, a usina, etc, a redução foi de 65%, uma redução relevante.

ADAMO BAZANI: 99% da queima do combustível, digamos assim.

LUIZ CARLOS: Do tanque a roda, e do poço a roda, 65%. Então, essa é uma metodologia internacional, validada pelo Instituto Mauá de Tecnologia e a gente também, só para completar, como tem carga, a gente vai fazer com lastro. Adicionalmente, a gente, em vez de carregar carga, pedra, etc, para fazer o teste, a gente resolveu também transportar 20 toneladas de alimentos, 1.680 cestas básicas, que nós doamos aqui para as entidades de Belém, que combatem a fome aqui para as comunidades carentes.

ADAMO BAZANI: Sustentabilidade mesmo, do lado social também.

LUIZ CARLOS: A gente está bem satisfeito e agora a gente vai continuar os testes de durabilidade. Então, a gente pede para validar os 700 mil quilômetros, como prevê o Proconve P8.

ADAMO BAZANI: Perfeito. Agora, uma queixa que a gente ouviu do B15, principalmente de empresários de ônibus, mas de caminhões também, a gente tem mais contato mesmo com o pessoal de ônibus, são as borras que deixam no motor. Como que foi o BeVant em relação a isso? Não teve alguma alteração em relação a isso?

LUIZ CARLOS: Então, essa nova tecnologia da Be8, através deste produto chamado BeVant, promete entregar, tem um processo industrial adicional, uma molécula que eles patentearam, que promete não promover esses resíduos. Nós não observamos no teste de 4.000 quilômetros nenhuma mudança de comportamento, performance, torque, etc. Então, foi muito adequada, indicando que isso pode ser uma grande solução para a aplicação de longa distância.

ADAMO BAZANI: É um combustível que já está comercial?

LUIZ CARLOS: Eles estão começando a oferecer para grandes clientes no Brasil, para empresas que estão interessadas em testar.

ADAMO BAZANI: O nível de consumo por quilômetro, em comparação ao B15?

LUIZ CARLOS: Esses dados vão ser reportados posteriormente, quando a gente receber o relatório final dessa nova tecnologia. Então, são dados preliminares que eu indiquei para você e os dados finais a gente ainda vai estudar junto com a engenharia, tanto da Be8, quanto da Mercedes-Benz.

ADAMO BAZANI: Agora, não é que é uma alternativa à eletrificação, pelo que eu entendi. É uma alternativa à poluição, porque a eletrificação está se consolidando mais nas cidades, para os ônibus urbanos principalmente, a capital paulista recebeu mil ônibus urbanos, as frotas maiores são Mercedes-Benz, Eletra com Mercedes-Benz, inclusive. É uma alternativa principalmente para longas distâncias. A gente teve a convite da própria Mercedes-Benz, na Busworld, lá na Bélgica, lá também esse desafio. Tem novas metas, nova regulamentação e a infraestrutura em longas distâncias ainda é precária no mundo todo, fora também o espaço que a bateria pega para a carga dos caminhões e para o passageiro e bagageiro dos ônibus rodoviários.

LUIZ CARLOS: Exatamente. Caminhão foi feito para transportar a mercadoria, ônibus foi feito para transportar pessoas, não baterias. Mas enquanto a tecnologia evolui com outras soluções, nós não podemos esperar isso acontecer, então a gente tem que promover a descarbonização. E o biocombustível no Brasil, que é um grande ativo do país, a gente tem que aproveitar e é uma solução já a curto prazo, que pode se aplicar hoje já em todas as aplicações de longas distâncias.

ADAMO BAZANI: Luiz, nesses testes agora de durabilidade, a gente vai ter também a possibilidade de haver testes, demonstrações com empresários de ônibus e de carga?

LUIZ CARLOS: Sem dúvida. A Mercedes, como vocês já sabem, na legislação atual é B15. A Mercedes já homologa os nossos veículos para B20, já começamos a testar, autorizado pela ANP, o B30 e agora estamos testando o B100 para aplicações específicas com os controles e monitoramento de desempenho, etc. Então, a gente realmente, com autorização da ANP, pode promover testes para clientes que desejarem testar essa nova tecnologia de combustível.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Vinícius de Oliveira, para o Diário do Transporte



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