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Trólebus em São Paulo não só deveriam ser preservados, mas ampliados, defendem especialistas em seminário


Durante evento no Sindicato dos Engenheiros, intenções da prefeitura da capital paulista em desativar rede foram criticadas

ADAMO BAZANI e VINÍCIUS DE OLIVEIRA

Os trólebus na cidade de São Paulo não só devem ter a atual rede preservada, como os planos de redução de emissões pelo transporte público deveriam ser considerados para terem a frota e a extensão ampliadas. A opinião é de especialistas que se reuniram na tarde desta quinta-feira, 14 de agosto de 2025, em seminário sobre o tema no SEESP (Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo).

Organizado pela entidade sindical e também por ONGs (Organizações Não Governamentais) ligadas a mobilidade e meio ambiente, o evento reuniu os setores da academia, pesquisa da área técnica e também da indústria voltada ao transporte coletivo.

O Especialista Internacional em Mobilidade pela UITP (União Internacional de Transportes Públicos), Arnd Bätzner fez uma apresentação citando a evolução e o panorama do transporte por ônibus movidos a eletricidade em todo o mundo. Segundo o especialista, a tendência é de busca de novas soluções, inovações tecnológicas, sem necessariamente desprezar as estruturas já instaladas. Com isso, a população ganharia uma ampliação mais rápida da rede de transportes limpos e ao mesmo tempo não haveria desperdício de recursos públicos desmontando uma estrutura já consolidada.

O Coordenador do Conselho Assessor de Transportes e Mobilidade do Conselho Tecnológico do SEESP, que também foi proprietário dos transportes metropolitanos, Jurandir Fernandes destacou que não pode acontecer com os trólebus o que o mundo vivenciou há décadas atrás com os bondes, em que o lobby de industrias acabou por desfazer uma solução que só tinha de desenvolver ao longo de tempo.

O Consultor em Mobilidade Elétrica e Sustentável, José Antonio Nascimento disse que, em relação especificamente aos trólebus, houve grandes evoluções tanto na rede quanto nos veículos em si. Nascimento diz que vivenciou parte dessa evolução e garante que o Brasil não está para trás de diversas industrias do mundo, inclusive com tecnologia que outras nações vem conhecer e que poderão ser melhor empregadas em cidades como São Paulo, que já possuem uma rede instalada.

E foi justamente esta rede um dos temas da exposição do Consultor Especialista em Trólebus, Jorge Françozo de Moraes. O projetista especializado em implantação de redes explicou que hoje a estrutura de trólebus na cidade de São Paulo é mal aproveitada. Apenas 50% da energia utilizada pela atual frota de 201 trólebus acaba sendo direcionada para o transporte coletivo no município. Há uma capacidade de outros 50% que poderiam ser aproveitados com mais trólebus, ou então na geração de energia para ônibus que também contam com baterias para a circulação.

Entre esses modelos de ônibus está o E-Troll, que é um coletivo que circula tanto com baterias como conectado a rede aérea, dependendo do trecho do trajeto. Esse veículo é produzido pela Eletra Industrial, com tecnologia 100% brasileira, desenvolvido em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. A Diretora da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) e da Eletra, Iêda Maria Oliveira explicou que, além da flexibilidade, esse tipo de ônibus dispensa grandes estruturas de carregamento na garagem, um dos grandes entraves hoje para o avanço da frota elétrica, além de serem em torno de 30% mais baratos que os ônibus somente a bateria.

Segundo a representante da indústria, o que deixa caro hoje um ônibus elétrico é a bateria. Como o E-Troll possui um banco de baterias menor, é possível um veículo mais barato, com a mesma eficiência, flexibilidade e que carrega as baterias enquanto opera.

Quanto à distribuição de energia, a Presidente da NEXT Mobilidade, Maria Beatriz Setti Braga disse que há modelos que tornam os operadores de transporte independentes de uma única distribuidora. Isso evitaria, por exemplo, as restrições que a capital paulista tem enfrentado quanto a Enel. A NEXT Mobilidade opera o corredor de ônibus e trólebus metropolitanos ABD, que liga parte da capital paulista ao ABC. Maria Beatriz Setti Braga diz que a energia comprada tem origem 100% renovável e que não dependem da Enel, o que além de ampliar o benefício ambiental do sistema de transportes, faz com que a operação tenha uma redução de custos, beneficiando na ponta a destinação de recursos públicos e também dos valores obtidos pelas tarifas.

Os especialistas criticaram o intuito da Prefeitura de São Paulo, que desativar a rede de trólebus completamente com a inauguração de duas linhas de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) no Centro da cidade. Segundo os palestrantes, o VLT estaria apenas limitado a região central e os trólebus têm uma abrangência atualmente maior na cidade. Além disso, seria um contrassenso pensar em desativar uma estrutura de transporte não poluente já instalada, enquanto ainda há ônibus a diesel operando e não há infraestrutura para recarga de baterias nas garagens.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Vinícius de Oliveira, para o Diário do Transporte





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